Fomos para um sítio no interior de SP e por lá ficamos compondo e gravando por um mês, levando tudo o que a ocasião pedia. Juntamos o bando de maluco sem casa que sobrou pra decidir onde geral iria morar dali pra frente. Tudo fluiu em perfeita harmonia, todos tinham a casa dos sonhos parecida com a do outro e não tão diferente da que morávamos. Conclusão: optamos por ficar no mesmo prédio mas, dessa vez, sem pagar aluguel, mudamos para o SUBSOLO onde a gente tem toda liberdade de fazer barulho, não importa a hora.
Como onde a luz não chega, prevalece a escuridão e os tons de cinza, esse álbum saiu mais melancólico e obscuro, sem falar que é um álbum completamente diferente do primeiro em todos os sentidos.
Esse disco foi a realização de um sonho antigo que todos sempre tivemos em comum, algo do qual pudéssemos nos orgulhar, algo que compensasse todas as provações pelas quais passamos, e chega a refletir um pouco a época conturbada em que foi gravado. Acreditamos que conseguimos mais do que nos propusemos a fazer: os que estavam no sítio hoje viraram uma família de verdade. Tudo o que queríamos era fazer um álbum que nos desse orgulho, mas até então nós só tínhamos a certeza de que queríamos fazer música boa. Inconscientemente esbarramos em uma proposta, “fazer um álbum de RAP nacional com o mesmo nível de qualidade artística que o dos nossos ídolos gringos, porém de acordo com a nossa realidade e o momento em que vivemos”.
Só quando ouvimos o material que tinha sido gravado que nós nos tocamos do que tinha acontecido. O coletivo gravou um álbum tenso, obscuro, repleto de críticas, desabafos, poesia, e com a nossa filosofia estampada em cada caixa. Sabíamos que ia ser um álbum não-convencional e que estaríamos contrariando todas as regras de mercado pra um produto comercializável e, por isso mesmo, ligamos o foda-se! Fizemos um álbum sério, mas sem adotar um tom panfletário. Imersos em nossa música, abstraímos o mundo do lado de fora do nosso estúdio e, na nossa mente, nos referíamos a ele apenas como algo realmente do lado de fora, como objeto de críticas ou poemas.
Esse é um álbum que visa enxergar o Rap Nacional como algo em constante mutação, nunca algo estagnado e inflexível. Nosso rap fala da nossa vida e a nossa vida está em constante mudança, adaptação e evolução. O resultado você confere nesse álbum meticulosamente elaborado e homogêneo que está aí pra provar que, às vezes, alguns andares a menos resultam em alguns degraus a mais.
http://www.myspace.com/subsoloodd
MATERIA PRIMA, PAI LUA, SHAW, XARA
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